VIÇOSA
Em 8 de março de 1800, o Padre Francisco José da Silva recebeu
provisão episcopal para erigir uma ermida, em um planalto que se elevava acima da serra
de São Geraldo. Trazendo inicialmente o lugarejo o topônimo de Ermida, teve depois o seu
nome completado com o rio que o atravessa - o Turvo. Logo se forma ao seu redor um pequeno
povoado que ficou conhecido como Santa Rita do Turvo. Existem indícios de que os
primeiros moradores tenham sido emigrados de Ouro Preto, Mariana e Piranga em busca de
terras para a agricultura. A capela foi construindo seu patrimônio: em 1805 o capitão
Manuel Cardoso Machado doa uma porção de terras. Mas somente em 1832, por ato da
Regência, o Curato de Santa Rita do Turvo foi elevado à Freguesia.
A consolidação da urbe só ocorre na década de 70, quando o pequeno
povoado ganha estrutura física com a ampliação de suas moradias, a demarcação de ruas
e a edificação pública. No campo as fazendas se ampliam. O município é então criado
através da lei no. 1.817, de 30 de setembro de 1871. Entretanto, não bastava o decreto,
devendo o município cumprir formalidades legais para adquirir existência real. Assim a
instalação ocorre em abril de 1873. Pouco anos depois, em junho de 1876, Viçosa de
Santa Rita (homenagem a Dom Antônio Ferreira Viçoso, bispo de Mariana) obtém foros de
cidade, através da lei mineira no. 2.216, de 3 de junho de 1876.
Para a demora entre a criação e instalação de um município
decorriam fatores de ordem social e política em relação aos desdobramentos e as
anexações territoriais, a escolha das autoridades e a sua constituição, a construção
de prédios públicos, concorrendo também fatos de origem político-partidária. Por
outro lado, durante quase todo o século XIX, a organização administrativa dos povoados
era uma profusão de critérios civil e eclesiástico, confundindo-se no exercício de
poder o governo imperial e a autoridade eclesiástica. Assim, num arraial, enquanto o
poder civil era conferido a um Alferes ou Tenente de Ordenanças, as atribuições
religiosas eram exercidas por um Cura, que extrapolando suas atribuições religiosas,
dividia o poder de mando com a autoridade civil na administração de um arraial.
As gerações de fazendeiros ainda guardavam tradições dos velhos
pioneiros, mas se adaptam facilmente à lavoura cafeeira e outros à cultura de
cana-de-açúcar. Apresentava a fazenda de café, em geral, um grau de capitalização
inferior à usina de açúcar, em virtude da condição de equipamentos utilizados. O
café e o açúcar proporcionou à comunidade o calçamento, a luz elétrica e,
finalmente, certa ordem social e política, criando uma vocação agroexportadora e a
consolidação do poder das oligarquias agrárias. Neste sentido, na década de 1920,
Artur Bernardes, o mais ilustre filho de Viçosa, viabilizaria a criação da Escola de
Agronomia, atualmente a Universidade Federal de Viçosa, um dos mais importantes centro de
estudos agronômicos da América Latina.
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