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A HISTÓRIA DE SANTA CRUZ DE SALINAS
A História do Município de Santa Cruz de Salinas

Texto: Venilton Henriques Coelho

O território onde situa o município de Santa Cruz de Salinas foi parte integrante da antiga fazenda Santa Cruz, existente na região, e que pertencia a família Gomes Cardoso. Essa região fazia parte da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Rio Pardo, província de Minas Gerais.

A fazenda Santa Cruz era ponto de pousada de tropeiros que faziam a rota da Bahia, trazendo sal para a região de Rio Pardo e levando mantimentos. No ponto de pouso dos tropeiros surgiram algumas vendas. As senhoras Gomes Cardoso, herdeiras da fazenda Santa Cruz doaram parte de suas terras para a formação de um vilarejo. A partir de então, as primeiras casas foram construídas, destacando entre elas uma capela (demolida para a construção da Igreja Matriz), que ganhou a imagem de Bom Jesus, o seu padroeiro. O vilarejo, por estar situado na fazenda
Santa Cruz, passou a ser conhecido por este nome.

Em 1887, foi criado o município de Salinas, pela Lei Provincial 3.845 de 04/10/1887, com território desmembrados do Município de Rio Pardo de Minas e extendendo-se até a fazenda Santa Cruz que já havia iniciado uma povoação como o nome de Povoado de Santa Cruz.

Com o crescimento do povoado, a localidade foi elevada à categoria de Distrito pela Lei Estadual 556 de 30/08/1911 já com o atual nome de Santa Cruz de Salinas. Por volta de 1920, para expandir os domínios políticos exercidos pelo Coronel Idalino Ribeiro, o seu companheiro e grande amigo, o Tenente Felismino Henriques de Souza, instalou uma loja de tecidos no distrito e passou a comandar a localidade, fazendo amizade com os que já viviam na região e também adquiriu terras e instalou um engenho de cana-de-áçucar onde alambicava muita aguardente na "Fazenda do Engenho". Em 1929 o Tenente Felismino trouxe toda sua familia, que continuava residindo em Salinas, para a vila de Santa Cruz de Salinas. Juntamente com sua esposa e filhos solteiros, vieram vários filhos, filhas, sobrinhas, sobrinhos e mais parente casados, que tambéu trouxeram suas famílias. Esta numerosa família passou a exercer grande influência política, econômica e cultural no desenvolvimento do lugar.

Outro marco importante dessa época foi a passagem de membros da Coluna Prestes pelo Distrito, cujos componentes eram conhecidos como "os revoltosos".

Na economia o destaque era a produção de fumo e seu comércio com as cidades vizinhas e o Sudoeste Baiano, de onde vieram duas famílias por volta de 1950: a família do Sr. Martinho Rodrigues Coelho e do Sr. José Alves de Oliveira (Zuza). Foram grandes propulsores do crescimento econômico e social de Santa Cruz. Eles montaram dois grandes depósitos que financiavam toda a produção, recebiam o produto, beneficiavam e embalavam e vendiam o fumo para as cidades de Jequié- BA e Mato Grosso.

A partir da segunda metade do século XX é que o distrito inicia sua participação, com vereadores próprios, no cenário político do Município de Salinas, elegendo seus primeiros vereadores natos, representantes da comunidade. Sendo o primeiro o Sr. José Valério (cunhado do Sr. Zuza), depois os Srs. João Antônio de Araújo (João Caturra), do lado político do Tenente Felismino Henriques de Souza e Osmário Henriques de Souza (filho do Tenente Felismino), mas como a primeira oposição política do distrito, em oposição ao Coronel Idalino e ao Tenente Felismino, o seu pai.

Osmário Henriques de Souza e João Antônio de Araújo elegeram-se por mais três mandatos, mas a partir do segundo, Osmário já era situação, porque acompanhava Geraldo Santana, que derrubou o mando político do Coronel Idalino e João Caturra passou a ser eleito sempre como vereador da oposição. Com a desistência de Osmário Henriques e João Caturra da política, todo a comunidade elegeu primeiro Zuza e depois Antônio Henriques como os vereadores seguintes, sendo que nenhum aceitou recandidatar. Apresentaram, em reunião, novamente Osmário Henriques, este não aceitou e apresentou Silvano Rodrigues da Costa (filho do Sr. Totó Costa), um comerciante novo e querido pela comunidade, que foi apoiado por todos os presentes, sendo o próximo vereador eleito, que se reelegeu por mais três mandatos. No seu segundo mandato Silvano teve como companheira, a primeira mulher eleita pelo distrito, a Senhora Maria Benilde de Oliveira, que se reelegeu por mais dois mandatos e os dois ora eram situação, ora eram oposição, no mando municipal e distrital.

Com a participação política do distrito, elegendo vereadores, a partir dos anos 50 e que o distrito passou a receber os serviços públicos como prédios escolares, poço artesiano, chafarizer públicos, motor para energia elétrica, abertura de estradas, sinal de televisão, pontes, extensão de séries, etc. Somente nos anos 80 é que Santa Cruz ganhou um posto dos correios, posto telefônico, água encanada e energia hidráulica. A distancia de 116 km da sede (Salinas) e da precariedade do acesso deixou Santa Cruz no abandono e somente com sua emancipação política em 1995, pela Lei Estadual 12.030, de 22/12/1995, iniciou-se rumos de do crescimento.

A emancipação política sempre foi uma bandeira de luta do povo santacruzense, justificada pelos longos 116 km de estrada sem pavimentação, que separavam o distrito sede e a total situação de abandono imposta pelo governo municipal.

Essa luta foi vitoriosa em 1995, quando foi criado o Município de Santa Cruz de Salinas, pela Lei Estadual nº 12.030 de 22 de janeiro de 1997, sendo empossado Silvano Rodrigues da Costa , pelo voto popular, tornando -se, assim, o primeiro Prefeito do novo município (1997-2000).

O segundo mandato de prefeito no município foi iniciado em 1º de janeiro de 2001, pelo Prefeito José Estevan Franca (Zé Moreno), vice prefeito de Slivano e ex-vereador do povoado de Água Boa. O seu mandato foi interrompido em 09 de abril de 2003, devido ao trágico acidente que custou a vida do Chefe do executivo, tomando posse assim, Maria Benilde de Oliveira, a então vice-prefeita, que exerceu seu mandato até o dia 31 de dezembro de 2004. A partir de 1º de janeiro de 2005, Santa Cruz de Salinas passou a ser administrada pelo prefeito Albertino Teixeira da Cruz e pelo vice-prefeito, Manoel Estevam Franca.

O município de Santa Cruz de Salinas localiza-se na parte do norte do estado de Mina Gerais na região fisiográfica de Itacambira, fazendo parte do vale do Rio Pardo e do Jequitinhonha, pertencente ao conjunto dos municípios mineiros da área do polígono das secas e atuação da Sudene, ocupa uma área de 579,45 km, e contava com 4801 habitantes (Censo do IBGE de 2000). Destes 18,98% viviam na zona urbana e 81,02% na zona rural.

O município limita-se ao norte com os municípios de Cachoeira de Pajeú e Águas Vermelhas; ao sul com o município de Salinas; a oeste com Curral de Dentro e Taiobeiras e a leste com Cachoeira do Pajeú, Medina e Comercinho.


Aspectos Naturais

Santa Cruz de Salinas pertence à bacia hidrográfica do Rio Jequitinhonha e sub-bacia do Rio Mosquito e conta com grande quantidade de ribeirões, na sua maioria de vazão temporária, devido as estiagens. Os principais cursos d'água são o Rio Itinga, Córrego Sumidouro, Córrego dos Macacos e a nascente do Rio Mosquito no Córrego da Pedra Redonda. Possui clima tropical, semi-árido, predominante quente por quase todos os meses do ano. Caracteriza-se por um período de seca marcante, com chuvas mal distribuídas e em outro período, de chuvas torrenciais e espaçadas. Apresenta um relevo montanhoso com aflorações rochosas destacando-se as formações calcáreas e tem vegetação de cerrado.

A região apresenta predominância de solos férteis e a vegetação predominante é o cerrado, existindo pequenas áreas de florestas. O cerrado é composto principalmente de árvores de médio porte, casca grossa, galhos e troncos retorcidos, existindo falhas na distância de uma para outra. As principais árvores são curral novo, candeia, angico, aroeira, pau-ferro, tamboril, pau'darco, dentre outras.

A altitude na sede do município é de 750 m e a máxima é de 1028 m no Cometão (BR 251) acima do nível do mar. Essa altitude propicia uma temperatura agradável por grande parte do ano.

O clima predominante é o tropical com suas variações. O inverno é um período seco, sem chuvas e o verão é marcado pelas águas, sendo caracterizado por fortes pancadas de chuvas demoradas. A temperatura média é 28 ºC.

As precipitações médias anuais são de 992 mm.

O solo predominante é do tipo argiloso. Já foi muito usado na fabricação de telhas, tijolos e artesanato artístico. Apresenta-se, ainda, o solo misto onde é praticado a agricultura de subsistência e o solo arenoso, encontrado principalmente junto aos rios e córregos.

O relevo é de planaltos e as montanhas típicas da "Terra das Alterosas".

A hidrografia é composta de vários córregos e ribeirões que vem com o decorrer do tempo diminuindo suas vazões.

Os principais são: Rio Intinga, Córrego Catutino, Córrego dos Macacos, Pedra Redonda e Sumidouro (Nascentes do Rio Mosquito), Córrego Candeias e Córrego Candial.

Destacam-se os Rios Itinga e o Rio Mosquito.

Bacias: Rio Mosquito e Rio Jequitinhonha.

No que diz a respeito à fauna, existem varias espécies: tatu, ema, veado, onça, tamanduá, capivara, jaguatirica e mocó.



A Coluna Prestes esteve por aqui


Os tementes duvidam da capacidade do povo de vencer as oligarquias, defendiam a moralização da política brasileira dizendo que somente o exercito daria conta. Propunham o fim das oligarquias e dos Coronéis, o voto secreto e o ensino publico gratuito.

Com as costumeiras fraudes eleitorais, foi eleito o Presidente Artur Bernardes (1922) indicado pelas oligarquias de Minas Gerais e São Paulo.

Os Tenentes se opuseram a sua posse iniciando sua marcha de protesto contra o governo. Passaram por 15 (quinze) Estados (atuais) percorrendo mais de 25.000 Km, pregando sustos aos donos do poder.

O número variava de 700 a 1500 homens, mal armados, fazendo a maior parte de marcha a pé, atravessando pântanos, rios, serras e as regiões semi-áridas do nordeste, enfrentando muitas vezes a hostilidade da população instigada pelos coronéis do interior.

Conforme se sabe, Santa Cruz de Salinas não foi exceção. Devido aos comentários que se ouvia sobre a Coluna Prestes, o povo sentiu-se amedrontado.

Com a aproximação da Coluna - "Os Revoltosos" - como eram chamados, o Senhor Felismino reuniu homens pra se armarem e lutar contra Os Revoltosos que, segundo noticias, vinham de Taiobeiras nessa direção. As mulheres amedrontadas se esconderam e os homens preparados para expulsar os revoltosos percebendo a proximidade, começaram a atirar. Com isso os "Revoltosos" não chegaram ao povoado, mas a população - os mais velhos - têm histórias interessantes sobre a passagem da Coluna Prestes pela Região.


História de Silvano Rodrigues da Costa - Primeiro Prefeito de Santa Cruz de Salinas.

Silvano Rodrigues da Costa,Mineiro,natural de Santa Cruz de Salinas nasceu em 2 de maio de 1943, filho de Sr. Antonio Rodrigues da Costa e da Sra. Maria Sobrancelhas de Jesus. Casou-se com D. Terezinha Nogueira Chaves com quem teve 9 filhos. Estudou na Escola Estadual Santa Cruz em Salinas. Começou trabalhar muito cedo, ajudando seu pai no comércio. Foi proprietário de uma casa de Armarinhos, secos e molhados em Santa Cruz-Salinas. Era católico, membro do movimento "encontro de casais com Cristo".

Foi dirigente litúrgico em Santa Cruz por aproximadamente 5 anos sendo ainda confrade da associação São Vicente de Paulo. Conheceu parte do território brasileiro,e apreciava futebol, pescaria e noticiários pela tv. Foi eleito pela arena com 428 votos.

Na sua primeira legislatura no município de Salinas,ocupou o cargo de presidente da câmera, tendo sido vice-presidente em 1979.

Foi vereador por quatro mandatos no período de 04/02/1977 a 22/10/1996 com a extinção da arena filiou-se ao PDS que se transformou no PSDB partido pelo qual foi eleito prefeito do novo município.

Suas reivindicações estavam sempre voltadadas para os principais setores da administração pública procurando atender as necessidades básicas da população do município;citava por exemplo a necessidade do amparo governamental para que o executivo municipal pudesse beneficiar Salinas com rede de esgoto e calçamento das vias públicas centrais,já que o município só contava com rede de distribuição de água. Quanto a educação o ilustre vereador reivindicava insistentemente extensão de série até a oitava série em Santa Cruz pois os alunos ao concluírem a quarta série tinham que se deslocar para outras localidades.

Silvano era um homem que incentivava os esportes sendo bem relacionados em todos os setores, promoveu campeonatos que alegrava a cidade. Cruzeirense convicto apoiava e dava vida ao futebol do município.

Em 2000 houve nova eleição no qual ele se recandidatou tendo como vice Almerindo, mais não foi eleito e então passou a se dedicara à fazenda. Desligando um pouco da política. Apresentou problemas de saúde, onde a situação se agravou rapidamente e acabou falecendo dia 08/10/2002. A sua morte abalou toda população pois era um homem de bem sempre lutou pelo bem da população, deixava de lado muitas vezes até sua própria família para correr atrás de benefícios para o município. A cidade recebeu pessoas ilustres de vários municípios para o velório do imortal ''Silvano''. Silvano Rodrigues da Costa, deixou a saudade, a lembrança e sua história que serão sempre eternas para todos os santacruzenses.


Manifestações Culturais - Calendário

Possui um grupo teatral e um conjunto musical formados por jovens que tiveram a iniciativa de utilizar a arte para combater as drogas e o alcoolismo. O município tem tradições culturais e folclóricas e se manifestam durante todo o ano com festejos religiosos e cívicos. destacam-se:

21 de dezembro - Aniversário da Cidade
Data cívica que lembra a emancipação político-administrativa do município.

Quaresma (Semana Santa)
Festa de cunho religioso coordenada pela Igreja Católica. Celebram-se os ritos da história da Salvação, segundo os cristãos.

13 de junho - dia de Santo Antonio
A devoção a Santo Antônio iniciou-se de forma coordenada a partir de um antigo morador, devoto do Santo, o Sr. Totó Costa, que doou terras e a imagem do martir para a construção da igreja e do Povoado de Santo Antônio. A cidade de Santa Cruz de Salinas e o Povoado de Santo Antônio festejam com muita festa e religiosidade.

Terceira Semana de junho - FEJUNSANC
A mais badalada festa junina da região, a FEJUNSANC criação do ex-prefeito Silvano Rodrigues da Costa. É motivo de orgulho de todo santacruzense. O município recebe visitantes de todo norte e nordeste de Minas Gerais bem como de Belo Horizonte, Brasília e outros estados. Como toda festa junina, a festa contava com fogueiras e levanta bandeira, mas ampliou muito suas opções e hoje conta com shows pirotécnicos, bandas, rua de lazer, etc.

25 de julho - dia de São Cristóvão - Padroeiro dos Motoristas e do Trabalhador Rural
É comemorado pela comunidade de Água Boa por ser o padroeiro e protetor de seus moradores.

06 de agosto - Festa do Bom Jesus
Santa Cruz de Salinas festeja o seu padroeiro com leilões, barraquinhas, missa e procissão. Sendo esta data feriado municipal.

Outubro - Feira de Cultura
Coordenada pela comunidade escolar local, esta feira retrata culturalmente o município como artesanato, costumes, música, comidas típicas etc.

25 de dezembro - Natal
Festa máxima da cristandade, em Santa Cruz de Salinas comemora-se o Natal com novenas, presépios e adentrando o mês de janeiro a famosa Folia de Reis.


A História do Povoado de Santo Antônio da Itinga

O território onde situa o povoado de Santo Antônio foi parte integrante da fazenda Itinga, que pertencia a Manoel Pereira e mais tarde foi vendida para João Antônio de Araújo conhecido como "João Caturra " e logo depois foi vendida para Antônio Rodrigues da Costa (Sr. Totó Costa).

O senhor Antônio Rodrigues era devoto de Santo Antônio e devido a sua devoção pelo santo ele doou terras para a construção do povoado de mesmo nome.

A doação foi feita 1984 e havia no local apenas a casa do senhor Antônio Rodrigues e a casa da senhora Ana Rodrigues Gomes sua neta, que após mudar para Santa Cruz permitiu que sua casa fosse usada como sala de aula e para encontros religiosos.

A primeira casa a ser construída, logo após a doação do terreno, foi a casa da senhora Corsina Maria de Jesus que ainda é moradora do povoado.

A igreja foi construída em 1987 com a ajuda das pessoas que faziam parte da comunidade. Foi inaugurada no ano seguinte, juntamente com a chegada da imagem de Santo Antônio, também doada pelo senhor Antônio Rodrigues da Costa.

Com o crescimento do povoado chegaram os serviços públicos ao local como energia elétrica, salas de aula, água encanada e um posto telefônico.

Atualmente o povoado tem 69 habitações com o total de 140 habitantes.