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O BARROCO: MINAS COLONIAL
O Barroco: Minas Colonial


O Barroco é a palavra usada comumente para designar o conjunto da arte que vai dos inícios do século XVIII até aproximadamente em torno de 1750. É difícil estabelecer seus limites: encontramos seu prolongamento até nos princípios do século XIX em Minas Gerais; não é apenas um estilo de arte, mas um modo de ser. Chegou a ser considerado uma "arte selvagem, bastarda, degenerada da Renascença"; é um fenômeno transgressor da racionalidade da estética renascentista.

Características


Pictural (os limites lineares deixam de ser precisos)
Profundidade
Forma aberta (num quadro Barroco há a preferência pelo dinamismo das diagonais, o que permite a idéia de abertura, do extravasamento, dos limites físicos da tela, de instabilidade, de movimento, de um caminhar constante)
Possui luz absoluta luz relativa (claro e escuro, proporciona uma dramatização da cena)

O Barroco seria aquele momento em que a arte se torna pagã nas formas, cristã nas aspirações, religiosa nas origens e profana nos processos, como podemos observar em Minas Colonial" (Eugênio D'Ors)

Segundo Eugênio D'Ors, o Barroco, como manifestação cultural, é paixão, fantasia, dinamismo, contraste, formas que voam, libertação. Assim, o Barroco, como fato cultural amplo, uma tendência do espírito humano vinculado diretamente aos acontecimentos históricos, religiosos, econômicos e sociais do período final de transição da mentalidade feudal para uma sociedade industrial. Esta ele, portanto, vinculado tanto aos governos absolutistas europeus, à expansão mercantilista européia (o contato com novas formas da natureza, raças e culturas até então desconhecidas), como a ação da Contra-Reforma (alienação do poder temporal da Igreja).

Para Giulio Carlo Argan, o Barroco preconizava a "espiritualidade do júbilo", sendo um elemento persuasivo. A arte, neste momento, não estaria preocupada em despertar admiração ante a natureza, representando-a objetivamente como procurava a estética renascentista, mas persuadir a fruidor. A obra de arte tornava-se um meio de ação propagandística da Igreja contra-reformista. O papel do ilusionismo aqui é de suma importância: o verdadeiro confunde-se com o verossímil, a impressão subjetiva do verdadeiro está a serviço do docere.

Pierre Francastel argumenta que o Barroco foi resultado de uma ação da Igreja para cativar a multidão através de uma nova modalidade da sensibilidade; uma estratégia que levou em conta as necessidades dos moradores das Gerais; a Igreja, numa tentativa de manter a população dentro de sua obediência, estabelece uma identidade entre cultura popular e sua doutrina.

Outro pesquisador, Ricardo Averine, diz que a exuberante natureza tropical e o contato com novas raças e costumes influíram diretamente sobre a nova concepção estética. O Barroco seria assim o resultado de uma conciliação entre o mundo da tradição cristã-católica-européia e as formas de percepção e sensibilidade das vastas regiões que entram em contato com ela. Encontra em Minas caminhos para um desenvolvimento "natural": exuberância, movimento, a sensualidade deste estilo de arte.