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QUADRILÁTERO FERRÍFERO
GEOCRONOLOGIA E METAMORFISMO

As análise radiométricas disponíveis para o Quadrilátero Ferrífero concentram-se, principalmente, em rochas dos complexos gnáissicos e subordinadamente nas supracrustais do Supergrupo Rio das Velhas e Minas.
Segundo Endo (1988), as análises geocronológicas disponíveis para o Quadrilátero Ferrífero, possibilitam indicar três idades modais para a evolução tectono-metamórfica da área:
· Cerca de 2,7 Ga.: orogenia, na qual seqüências Pré-Minas foram deformadas e metamorfizadas. As condições metamórficas desta orogenia não podem ser diferenciadas das outras posteriores, a não ser efeitos de retrometamorfismo em condições de fácies xisto-verde. Já as rochas mais antigas do complexo cristalino foram afetadas por um metamorfismo regional de fácies anfibolito médio a superior (Inda et al. 1984);
· Cerca de 2.0 Ga.: principal fase de deformação, recristalização sintectônica e metamorfismo regional Ciclo Transamazônico. No Quadrilátero Ferrífero, esta fase tectono-metamórfica recebe a denominação de Orogenia Minas que imprimiu um metamorfismo regional progressivo em condições de P-T crescentes de Oeste para Leste de fácies xisto-verde inferior à fácies anfibolito superior (Inda et al. 1984);
· Entre 0,5 -0,6 Ga.: todas as rochas do Quadrilátero Ferrífero sofreram um recondicionamento de natureza essencialmente térmica, ocasionando um metamorfismo relacionado ao Evento Brasiliano. Este evento tectono-metamórfico causou a formação de pegmatitos e soerguimentos tectônicos. (Inda et al. 1984).
Com base em estudos estruturais, geocronolágicos e na compilação de trabalhos Alkimim & Marshak (1998), sugeriram a sequinte evoluçào tectônica para o Quadrilátero Ferrífero:
- Fragmentos crustais com idade de até 3,2 Ga., serviram de embasamento para o "Greenstone Belt" Rio das Velhas (2,8 a 2,7 Ga.). Um plutonismo intermediário nas rochas do Supergrupo Rio das velhas, marcou um evento tectônico de 2,7 a 2,6 Ga e definiu a arquitetura destes terrenos com domos de granitos circundados por quilhas de rochas supracrustais;
- Entre 2,6 e 2,4 Ga. o Quadrilátero Ferrífero tornou-se uma plataforma continental de uma bacia de margem passiva, possibilitando a deposição dos sedimentos do Supergrupo Minas. Esta bacia foi originada a partir de um evento extensional, caracterizado pela distribuição faciológica e ambiente deposicional do Grupo Caraça.
- Um cinturão de falhas e dobras com vergência para Noroeste e responsável por zonas de cisalhamento de escala regional, originou-se a mais ou menos 2,1 Ga. na região do Quadrilátero Ferrífero. Este evento teve início logo após a deposição da Formação Sabará e não gerou fortes foliações, tata-se da Orogênese Transamazônica.
- O colapso orog6enico transamazônico ocorreu por volta de 2,095 Ga., foi responsável pela inversão da arquitetura em domos e quilhas e é caracterizado pela deposição das rochas do Grupo itacolomi.
- O "rift" do Espinhaço, abriu-se em 1,75 Ga., foi responsável pela intrusão de diques de diabásio no Quadrilátero Ferrífero e representa a continuação do colapso transamazônico ou trata-se de um evento separado.
- O segundo evento compressional do Quadrilátero Ferrífero data de 0,7-0,45 Ga. e criou um cinturão de dobras e falhas com vergência para Oeste, que reativou e deformou estruturas anteriores. Este evento trata-se da Orogênese Brasilian, que gerou o supercontinente Gondwana e retrabalhou de forma incisiva a borda leste do Quadrilátero Ferrífero.


GEOLOGIA ESTRUTURAL

As principais estruturas do Quadrilátero Ferrífero estão representadas por: Arqueamento Rio das Velhas o qual compreende o distrito aurífero de Nova Lima; Serra do Curral, Sistema de Falha do Fundão/Engenho e pelos Sinclinais Moeda, Dom Bosco, Gandarela, Vargem do Lima, Santa Rita e Ouro Fino e o sinclinório de Itabira. Estas estruturas constituem o arcabouço estrutural do Quadrilátero Ferrífero (Endo, 1988).
Alkimim & Marshak (1998) com base em dados geocronológicos e relações de campo propuseram quatro eventos responsáveis pela formação dos três conjuntos de estruturas identificadas por eles no Quadrilátero Ferrífero.
Segundo os autores, o primeiro evento apresentam estruturas com direção NE e produziu zonas de cisalhamento e dobras em escala regional a ele associa-se um metamorfismo progressivo regional. São reconhecidas, como estruturas deste evento, dobras oarasíticas alojadas em limbos de dobras regionais, xistosidade de direção SW-NE com mergulho para SE e lineação mineral com caimento para SE. Este evento foi observado na Serra do Curral, porção noroeste do Quadrilátero Ferrífero e está relacionado a uma compressão responsável pelo desenvolvimento de um cinturão de dobras e falhas com vergência para noroeste. Este cinturão de dobras e falhas seria o resultado da Orogênese Transamazônica, responsável pela colagem continental.
O segundo evento segundo Alkimim & Marshak (op. cit.), é caracterizado por uma extensão regional, resultou na arquitetura em domos e quilhas, soergueu o embasamento cristalino ao mesmo nível crustal que os metassedimentos do supergrupos Rio das Velhas e Minas (inversão tectônica). Este evento foi responsável pela formação de dobras da xistosidade com caimento contrário aos domos, clivagem espaçada, dobras e falhas reversas com direção Leste-Oeste, mudanças na direção de dobras F1, como o Sinclinal Ouro fino, foliações miloníticas às margens dos complexos metamórficos e gerou o Anticlinal de Mariana e o "uplift" Rio das Velhas. Foi primeiro observado na porção ocidental do Quadrilátero Ferrífero, no contato do Complexo Bonfim com o limbo ocidental da Serra da Moeda. É entendido como um colapso orogenético do evento Transamazônico e seria o responsável pela deposição dos sedimentos do Grupo Itacolomi.
O terceiro evento de natureza extensional, seria o responsável pela abertura da Bacia do Espinhaço e pela intrusão dos diques de diabásio que cortam as rochas do Quadrilátero Ferrífero (Alkimim & Marshak 1998).
O quarto evento apresenta natureza compressional, estruturas com direção Norte-Sul, megadobras vergentes para Oeste, mesodobras, foliações e lineações. É bem caracterizado na borda leste do Quadrilátero Ferrífero e apresenta direções das estruturas semelhantes ao sistema de cavalgamento Espinhaço.A este evento está associado um metamorfismo progressivo regional na fácies xisto-verde médio e um cinturão de dobras e falhas vergentes para Oeste. Este evento é denominado de Orogênese Brasiliana ou Pan-Africana e foi responsável pela formação do Supercontinente Gondwana, implicando em um evento de colagem continental.






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